A Carta de Dom Bertrand ao Papa Francisco
Quo vadis, Domine?
Reverente
e filial Mensagem
a
Sua Santidade o Papa Francisco
do
Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança
Movimentos que combatem obstinadamente a propriedade privada,inclusive por meio de ações violentas, são convidados a participar de reuniões em importantes organismos da Santa Sé e um deles é recebido pelo Pontífice.
Dirijo-me
a Vossa Santidade em meu duplo caráter de Príncipe da Casa Imperial
do Brasil e ativo participante da vida pública de meu País, para
lhe externar
uma grave preocupação concernente à causa católica no Brasil e naAmérica
do Sul em geral.
É
bem conhecido dos brasileiros o fato de que foi a instâncias do Papa Leão
XIII, e apesar dos previsíveis inconvenientes políticos que daí
adviriam, que
minha bisavó, a Princesa Isabel, regente do Império, assinou a 13
de maiode
1888 a Lei Áurea, abolindo definitivamente a escravatura no Brasil.
Cus-tou-lhe
o trono, mas valeu-lhe passar à História como A Redentora, e
receber das
mãos do Papa a Rosa de Ouro, em recompensa pela sua abnegação em favor
da harmonia social e dos direitos dos mais desvalidos.
Movido
pelo mesmo senso de justiça e devotamento ao bem comum de meus
antepassados, honro-me
em ter dado início e animado durante 10 anos a campanha Paz no Campo
, a qual promove a harmonia
social no agro brasileiro. Tarefa tanto mais imperiosa quanto, nas
últimas décadas, o meio rural do País
vem sendo notoriamente conturbado por uma sequência de invasões de
terra, assaltos, destruição de plantações,
desapropriações confiscatórias, exigências ambientalistas
descabidas e insegurança jurídica.
No
cerne dessa agitação agrária — que é o principal empecilho para
o pleno desenvolvimento da agricultura
e pecuária brasileiras, responsáveis por 37% dos empregos no Brasil
e por cerca de metade dos
novos empregos criados no primeiro semestre de 20133 — encontram-se
o Movimento dos Trabalhadores
Sem-Terra, mais conhecido pela sua sigla MST, e a organização
internacional La Via Campesina.
Por
isso, foi com consternação que tomei conhecimento do convite
enviado pela Academia Pontifícia
de Ciências ao Sr. João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST
e representante da Via Campesina,
para participar como observador de um seminário organizado pela
referida Academia, em Roma, no dia
5 de dezembro de 2013, sobre A emergência das pessoas socialmente
excluídas, com as despesas de viagem
pagas pelo Vaticano, segundo declarou o próprio favorecido.
Essa
consternação difundiu-se nos mais variados meios católicos, pois,
como era previsível, o conhecido
agitador do MST aproveitou-se do evento como tribuna para promover,
uma vez mais, seus princípios
errôneos e falsas soluções, ambos baseados na premissa marxista da
luta de classes e na utopia de
uma sociedade coletivista.
Com
efeito, apenas dois dias após o simpósio realizado nas dependências
da Santa Sé, o Sr. João Pedro
Stédile proferiu uma palestra para os militantes da ultra-esquerda
altermundialista italiana, num antigo
teatro de Roma por eles ocupado. Na palestra, reproduzida pela
Agência de Notícias Adista , ele faz
apologia de seus métodos ilegais. Segundo disse, “a estrada das
mudanças pela via institucional parece
decisivamente bloqueada”; e até gabou-se de que “tudo o que o
MST tem conquistado no decurso
de seus 30 anos de vida é devido à prática das ocupações de
massa”, ou seja, da violação sistemática da
propriedade privada no meio rural.
A
necessidade desse recurso à ilegalidade e até à violência por
parte do MST decorreria, segundo Stédile,
do fato de que “no atual contexto histórico, a correlação de
forças a nível de luta de classes é bastante
desfavorável às classes trabalhadoras” — ou seja, às esquerdas
que usurpam a representatividade
do setor operário.
Stédile
admite inclusive que “o mundo vive um período de refluxo do
movimento de massa” que afeta
ao próprio MST, devido a que “as condições da luta de classes
resultam mais difíceis: as massaspercebem
a impossibilidade de uma vitória, e se voltam para trás”.
“A curva da luta de classes será mundial ... e a terra tremerá”.
Mas
ele afirma que essa falta de apoio popular não deve desencorajar as
forças da esquerda. Apelando
à “escola dos marxistas históricos britânicos”, o líder dos
invasores de propriedades espera que o atual
período de refluxo seja também um “período de resistência...
prelúdio de um processo de retomada”.
Esse
período de resistência — que segundo ele poderá levar “alguns
anos” — deverá servir para “aprender
as lições da luta de classes no decurso do tempo”. E o MST deve
aproveitá-lo para sua “formação
política”, valorizando e “estudando Marx, Lenin, Gramsci, mas
também os brasileiros Paulo Freire,
Josué de Castro e tantos outros”, disse Stédile a seus ouvintes
altermundialistas italianos.
Permita-me,
Santo Padre, frisar a ameaça com a qual Stédile concluiu sua
arenga: assinalando que é preciso
que “a classe trabalhadora se reúna a nível internacional”, mas
que isto seja feito por fora das ONGs
e dos Fóruns Sociais — dado que estes teriam fracassado na tarefa
de “organizar o povo” —, indicou
que agora é preciso reunir “todos os movimentos sociais do mundo”
em um “outro espaço” de confrontação
ao capital financeiro internacional. Dessa forma, concluiu, “a
curva da luta de classes será mundial
e, portanto, quando começar a fase de ascensão, será assim por
toda parte. E a terra tremerá”.
A
terra por enquanto não treme. Mas não posso deixar de me perguntar,
Santo Padre, qual a razão de
que esse paladino de uma utopia revolucionária tão visceralmente
anticristã e promotor da violação sistemática
das leis tenha sido convidado pela Pontifícia Academia de Ciências.
Pois é obvio que, sendo as
classes populares cada vez mais infensas à pregação
revolucionária, o interesse do líder do MST e dos revolucionários
em geral só pode ser a sua pretensão de utilizar-se da Igreja
Católica e de organismos da Santa
Sé como companheiros de viagem nessa utópica aventura (daí o apelo
a estudar Gramsci, o grande
ideólogo
dessa estratégia).
Stédile gaba-se de ter conseguido apoio no Vaticano e Leonardo Boff se regozija com isso.
Stédile gaba-se de ter conseguido apoio no Vaticano e Leonardo Boff se regozija com isso.
É
o que admite o próprio J.P. Stédile em entrevista concedida logo
após sua palestra no Teatro Valle
Occupato, gabando-se de ter conseguido “motivar a que o Vaticano
nos ajude com a Via Campesina e como
movimentos sociais a organizarmos no próximo ano diversas
conferências”.
Ele
espera, ademais, que se estabeleça “de agora em diante um diálogo
maior do Vaticano com os movimentos
sociais”, cujo resultado seria que “em nossos países [...] as
igrejas locais ouçam os povos e não
o Núncio apostólico, que é um burocrata a serviço de não sei
quem” (destaques meus). É assim que
ele retribui o convite e a passagem aérea que diz ter recebido do
Vaticano...
Quais
seriam os membros dessas “igrejas locais” que assim desqualificam
o representante da Santa Sé
a pretexto de ouvir “os povos”, senão os adeptos da Teologia da
Libertação?
É
bem sintomático o tom eufórico com o qual um dos mais publicitados
corifeus dessa corrente, o ex-frade
Leonardo Boff, comentou a incursão do Sr. Stédile no Vaticano.Boff
manifestou seu gáudio pelo fato de que “os pobres e excluídos”
— na verdade, os líderes extremistas
de esquerda — sejam agora “convocados a Roma, junto à Sé
Apostólica, para falarem por si
mesmos”.
Destacou que “o tema fala por si: A emergência dos excluídos.
Isso nos remete a um tema central
da Teologia da Libertação ainda nos seus primórdios: A emergência
dos pobres”.
Segundo
o ex-religioso, o simpósio em questão pode significar “o começo
de uma nova vontade de reinventar
[sic] a Humanidade”. Como isto lembra o mito do “homem novo”
coletivista, sonhado por Marx!
Mensagem de saudação a organização internacional responsável por
atos de vandalismo
Tudo
quanto anteriormente foi exposto, Santidade, é de molde a chocar
milhões de católicos brasileiros
que conhecem de perto o passado de violência, de crime, de
destruição e de miséria que o MST e a Via
Campesina têm deixado atrás de si no decurso de 30 anos de
ocupações ilegais de terras e de domínio
totalitário sobre os militantes que reúnem em seus acampamentos.
Esses
brasileiros ficarão ainda mais desconsertados quando tomarem
conhecimento de que, além do convite
enviado a João Pedro Stédile para participar do referido seminário
da Pontifícia Academia de Ciências,
Vossa Santidade gravou em vídeo, nessa ocasião, uma mensagem de
saudação aos integrantes da
Via Campesina.
Talvez
Vossa Santidade não tenha sido informado de modo cabal, mas essa
organização subversiva ficou
tristemente conhecida dos brasileiros em abril de 2006, através do
pranto comovedor, diante das câmaras
de TV, da pesquisadora Isabel Gonçalves, que viu um meritório
esforço de 20 anos de investigação
científica aniquilado pelo ataque vandálico de 2.000 militantes
dessa organização contra a empresa Aracruz
Celulose, no Rio Grande do Sul . Os invasores, em operação
perfeitamente sincronizada, depredaram
grandes estufas experimentais, sistemas de irrigação, viveiros de
mudas, incendiaram instalações e
destroçaram modernos equipamentos de laboratório.
Pode
Vossa Santidade calcular o quanto soará inverossímil, aos milhões
de telespectadores que assistiram
estarrecidos o pranto desconsolado da cientista, saber que Vossa
Santidade, nesse vídeo, estimulou
a Via Campesina a “seguir adelante” — precisamente o que a
cientista não pôde fazer, ou seja, prosseguir
com suas pesquisas meritórias!Esse procedimento da Via Campesina não
foi o único, Santo Padre. Para não me estender demais, aduzo
apenas outro exemplo. Em junho de 2008, membros da organização
destruíram as pesquisas da Estação
Experimental de Cana de Açúcar de Carpina, na Mata Norte, órgão
ligado à Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE). Por volta das 4 horas da madrugada,
cerca de 200 integrantes da Via
Campesina chegaram ao local em dois ônibus e renderam o vigilante da
estação. Em uma ação rápida,
que durou cerca de uma hora, destruíram plantações experimentais
no campo e pesquisas do Centro de
Vegetação para Experimentos. Nos locais havia pesquisas da referida
Estação Experimental e de estudantes
de mestrado e doutorado.
De
acordo com o diretor da unidade, Djalma Eusébio, o prejuízo
científico e tecnológico é incalculável:
“Eles destruíram plantas que faziam parte de pesquisas de
melhoramento genético que duram mais
de dez anos. Havia pesquisas que estavam sendo desenvolvidas há mais
de dois anos e foram completamente
destruídas. Não há como recuperar o prejuízo”, disse. Os
manifestantes fugiram antes de a polícia
chegar e deixaram duas bandeiras no campo .
Quanto
às destruições operadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) durante
suas invasões criminosas, seria preciso escrever um extenso livro
para relatá-las. Poupo a Vossa Santidade
esse dissabor.
Como interpretará a Via Campesina o estímulo do Papa Francisco de
“seguir adelante”?
Os
integrantes da Via Campesina provavelmente interpretarão suas
palavras de “seguir adelante” como
aplicáveis a suas ações delituosas acima descritas. Neste caso,
elas estariam em nítido contrastecom
as categóricas palavras com que seu predecessor, S.S. João Paulo
II, retomando o ensinamento de Leão
XIII, condenou, em três oportunidades, entre 1991 e 2002, as
ocupações ilegais de terras.
Em
particular, a advertência de João Paulo II aos Bispos do Regional
Sul l da CNBB, em visita ad limina
apostolorum, em março de 1995, quando reiterou o ensino tradicional
da Igreja: “Recordo, igualmente,
as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que ’nem a
justiça, nem o bem comum
permitem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum
pretexto’ (Rerum Novarum,
55). A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas
ou movimentos de ocupação de terras,
quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração
sorrateira das propriedades agrícolas
Advertência
que S.S. João Paulo II reiterou em novembro de 2002, com as
seguintes palavras: “Para
alcançar a justiça social se requer muito mais do que a simples
aplicação de esquemas ideológicos originados
pela luta de classes como, por exemplo, através da invasão de
terras — já reprovada na minha
viagem pastoral em 1991” .
Líder cartonero argentino considera que a propriedade é um roubo e
sonha com um socialismo
fortemente planificado
É
de se admitir, entretanto, que Vossa Santidade não tenha tido
conhecimento dos fatos delituosos envolvendo
a Via Campesina no Brasil, e que as palavras “seguir adelante”
não passem de uma forma estilizada
para concluir sua saudação.
Porém
— seja-me permitido dizer com todo o respeito — minha
perplexidade seria maior na eventualidade
de Vossa Santidade não saber perfeitamente quem é Juan Grabois,
argentino militante da “esquerda
popular” peronista, também convidado pela Pontifícia Academia de
Ciências, não só para ser um dos
organizadores do referido seminário, como também para ser o
primeiro de seus relatores. Ou seja,aquele
que daria o tom ao subsequente colóquio.
Articulador
da rede de cartoneros — os catadores de papel de Buenos Aires —
no chamado Movimento
de Trabalhadores Excluídos, bem como um dos fundadores da
Confederação dos Trabalhadores da
Economia Popular, esse advogado e militante da esquerda peronista não
esconde suas convicções abertamente
marxistas.
Em
artigo para AgendaOculta.net , Grabois sustenta que a “acumulação
originária” de riqueza das
classes abastadas “provém de algum grande crime” que “o tempo
não lavará jamais”. Para ele, tal riqueza
particular é necessariamente fruto de “saque, escravidão, rapina,
contrabando, evasão de capital,
tráfico de pessoas, tráfico, usurpação, calote, corrupção,
malversação de fundos públicos...”.
E
acrescenta: “São estes, e não outros, os métodos que tem no
cardápio todo aspirante a burguês”.
Nessa
qualificação inclui os trabalhadores da economia informal que,
quando bem sucedidos em seus esforços,
passam ipso facto, segundo ele afirma, de autoexplorados a
exploradores e estabelecem, também
eles, “sistemas pericapitalistas de acumulação baseados no
delito, na exploração, na escravidão e na
violação de todos os direitos sociais” de seus colaboradores e
parceiros.
Ou
seja, todo proprietário particular seria um ladrão pelo simples
fato de ser abastado: é a velha tese
de Marx e Proudhon. Vossa Santidade notará que uma simplificação
tão grosseiramente unilateral, um tal
ódio de classe ao chamado “burguês” e à propriedade privada,
como à livre iniciativa e ao sistema salarial,
está nos antípodas do pensamento da Igreja, e não pode senão
desembocar no “socialismo real”.
É
precisamente o que propõe o ideólogo dos cartoneros argentinos: “A
construção de uma econo- mia
popular solidária, austera, não consumista”, a qual pressupõe um
“marco estratégico” definidamente
socialista e estatizante: só quando a economia seja “socializada e
planificada” , disse ele, se poderá
realizar a “sociedade sem explorados nem exploradores”, o que
implica “uma intervenção fortíssima
do Estado”. Tal intervenção será abrangente e omnímoda:
“regulando, planificando, complementando
e subsidiando as unidades produtivas populares” .
Cabe
perguntar: no que se diferencia esse modelo de uma volta à defunta
União Soviética?...
Veneno
marxista num invólucro humanitário: tais são as ideias básicas
desse advogado revolucionário.
Entretanto, Vossa Santidade convidou seus cartoneros a subirem no
palanque da Praia de Copacabana,
durante a Via Sacra da Jornada Mundial da Juventude16, além de lhe
tributar outros gestos de acolhimento,
como a audiência que lhe concedeu , por duas horas, no mês de
agosto passado, em sua residência
de Santa Marta.
Envolveriam
estes gestos de Vossa Santidade um apoio à linha traçada pelo
ideólogo Jean Grabois?
Eis
minha filial e respeitosa pergunta.
Nos recintos do Vaticano ecoam as elucubrações anticapitalistas de
Karl Marx.Naturalmente
o Sr. J. Grabois aproveitou sofregamente a tribuna inaugural do
seminário de 5 de dezembro
para apoiar suas análises no marxismo, e “explicar” ao Cardeal
Turckson, da Comissão Justiça e Paz,
e aos demais participantes do evento, que Marx tinha razão, apenas
não anteviu todos os desdobramentos
ruinosos do capitalismo!
Santo
Padre, não abusarei do tempo de Vossa Santidade resumindo a palestra
de Grabois, intitulada Capitalismo
de exclusión, periferias sociales y movimientos populares . Apenas
assinalo que ele retoma velhos
chavões marxistas sobre o “caráter estrutural da exclusão”,
que para ele “surge das entranhas do
sistema econômico financeiro global”, como “consequência de
estruturas humanas injustas”. Por isso
considera necessário “analisar o capitalismo na sua fase atual”
globalizada, bem como “os novos antagonismos
sociais que ele gera”.
Esta
questão, segundo o advogado marxista, já fora abordada por Karl
Marx no capítulo XXIII de O
Capital. Contudo o que Marx não previu, disse ele, é que, no mundo
globalizado, um segmento crescente
da população ficaria de fora do processo produtivo formal,
constituindo a “massa marginal” dos
“trabalhadores
excluídos” que, para sobreviver, entram na esfera econômica da
informalidade e constituem
“o sujeito social mais dinâmico desta etapa histórica”. Frei
Betto, citado por Grabois, qualifica os trabalhadores
deste setor como “pobretariado” [sic!].
MST e Via Campesina, paradigmas do novo “pobretariado” que
pratica a ação direta como ferramenta
de libertação.
Esses
trabalhadores informais seriam supostamente movidos pela aspiração
por “um mundo sem exploração
do homem pelo homem, onde cada qual receba segundo sua necessidade e
contribua segundo
sua capacidade” (princípio marxista bem conhecido). Ou seja,
seriam todos comunistas em potencial, utopistas
marxistas puros, ainda quando não explícitos! E esta clamorosa
inverdade, Santo Padre — que seria
risível se não fosse terrível — custa entender que tivesse sido
pregada em recintos da Sé Apostólica...
Nessa
palestra, Grabois retoma a velha dualidade marxista
opressor-oprimido, para dizer que hoje emerge
um novo proletariado prestes à rebelião, constituído pelos
“descamisados do século XXI, os desempregados,
os cartoneros, os indígenas, os camponeses, os migrantes, os
vendedores ambulantes, os sem
teto, sem terra, sem trabalho”.
Este
pobretariado se apresenta com novas formas de articulação e novos
meios de ação, diz Grabois,
entre os quais destaca “diferentes formas de ação direta”,
termo eufemístico cunhado pelos anarco-sindicalistas
franceses do início do século XX para indicar ilegalidade e
violência. O emprego, hoje, dessa
estratégia da “ação direta” decorreria do fato de que,
enquanto os operários industriais “contam com a
greve como principal ferramenta, os excluídos só podem se fazer
ouvir através de piquetes, mobilizações
e outras formas de luta que costumam ser criminalizadas”.
Como
paradigmas dessa “ação direta”, o ativista cartonero menciona
precisamente os movimentos convidados
pela Pontifícia Academia de Ciências para participar do seminário
por ela organizado: o Movimento
de Trabalhadores Excluídos (MTE) da Argentina (na pessoa dele
próprio, Juan Grabois
Apologia de uma nova sociedade coletivista e igualitária.
Apologia de uma nova sociedade coletivista e igualitária.
O
mais inacreditável, nessa contundente palestra, é que o Sr. Grabois
insiste no fato de que, embora na
economia informal popular “os meios de produção necessários
estão ao alcance dos setores populares”,
isso não conduz a que tais meios se “explorem coletivamente” e
possam gerar “relações sociais que
sejam horizontais” — em suma, para se chegar a um regime
comunista.
Então
é preciso que também a economia informal seja controlada pelo
“poder popular”— ou seja, por
novos sovietes. Daí nasceria “uma nova sociedade”, que, como
facilmente se percebe, identifica-se com
o mais puro comunismo.
Tanto
mais que, se o modelo dessa “nova sociedade” é o dos
assentamentos controlados pelo MST, convém
não esquecer o que Miguel Stédile (filho de J.P. Stédile), da
coordenação nacional do MST, declarou
à revista Época (n° 268, julho de 2003): “Queremos a
socialização dos meios de produção. Va-
19mos
adaptar as experiências cubana e soviética ao Brasil” .
Santidade,
para meu coração de católico e brasileiro resulta inexplicável
que nos recintos sagrados da
Cidade do Vaticano tenha ressoado uma tal apologia do comunismo —
com sua ideologia fundada na negação
da propriedade privada e na luta de classes — feita pelo Sr.
Grabois 76 anos depois que o Papa Pio
XI houvesse condenado esse sistema antinatural como “intrinsecamente
perverso”!
Ademais da Pontifícia Academia de Ciências, Stédile e Grabois põem
suas esperanças no Pontifício
Conselho de Justiça e Paz.
Sobretudo
não deixa de causar perplexidade que o advogado que proferiu
semelhante discurso tenha
sido convidado, por Vossa Santidade, para uma audiência privada no
dia seguinte. E que, no curso dessa
audiência, tenha sido gravada a saudação já mencionada para La
Via Campesina, e mais um vídeo de
promoção do Movimento de Trabalhadores Excluídos, fundado e
animado por um militante neomarxista
convicto.
É
compreensível, pois, que a Via Campesina, o MST e o MTE se tivessem
apressado em dar publicidade
a esses eventos, como “um acontecimento sem precedentes”, num
comunicado conjunto amplamente
difundido na mídia, no qual se insiste em que a “atividade foi
coordenada pelo chanceler da Academia,
[Arcebispo] Monsenhor Marcelo Sánchez Sorondo, a pedido do próprio
Francisco”.
O
comunicado sublinha que, “finalizada a jornada, Stédile e Grabois
mantiveram uma prolongada reunião
com o Cardeal Turkson, presidente do Pontifício Conselho de Justiça
e Paz, na qual intercambiaram opiniões
sobre diferentes questões sociais e discutiram alternativas para dar
continuidade ao diálogo entre Igreja
e movimentos populares”.
Desses
encontros com prelados da Cúria Romana, o MST e o MTE esperam
auferir inúmeras vantagens.
O
mesmo Grabois afirmou, em entrevista para a Radio Vaticano: “Nós
temos que globalizar a luta (...). E eu
creio que nesse âmbito, inclusive o Conselho Justiça e Paz, com uma
pessoa como [o cardeal] Turkson,
vai nos dar uma mão”. Disse também acreditar que “embora pareça
um pouco estranho”, a Pontifícia
Academia de Ciências “também está disposta a acompanhar, no que
lhe cabe, as reivindicações, as nossas
posições, nossas lutas, inclusive fortalecer os processos de
organização. Sempre num ambiente de
diálogo, de paz, de convivência, de respeito pelas instituições”.
Quanto
às promessas de paz e de respeito pelas instituições, pelo menos
no que concerne ao MST, sinto-me
no direito de qualificá-las de hábil dissimulação para melhor
angariar o apoio da Santa Sé.
Mas,
se a Pontifícia Academia de Ciências realmente se comprometeu a
contribuir para fortalecer os processos
de organização dos chamados “movimentos sociais”, como
asseveraram esses líderes do MST e do MTE,
não surpreende que o comunicado conjunto afirme que ambos os
movimentos partilham a “renovada sensação”
de ter recebido “um importante apoio em sua luta”, e que “se
abre uma nova etapa na unidade
global
do campo popular”. É como quem dissesse: agora sim, poderemos
tornar realidade a convocatória de Marx
e Engels: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”
Certamente
esta “nova etapa” não pressagia nada de bom para o Estado de
Direito e a alardeada democracia
nos nossos países. Pois, segundo o mesmo comunicado conjunto do MST
e do MTE, “a democracia formal
ou burguesa falhou. As formas de representação estão em crise e
não respondem aos interesses dos povos.
[...] Há necessidade urgente de desenvolver novas formas de
participação popular nos três poderes e novas
formas de representação política, em todo o mundo. Uma democracia
que, além de formal, seja real”.
Em
outras palavras, o duo MST-MTE propõe o estilo de “democracia
popular” que vigora em Cuba ou na
Venezuela chavista. Ou seja, uma ditadura de fato, e tanto mais
perigosa quanto esses dois “movimentos sociais”
aspiram a amordaçar a imprensa livre: “A construção de uma
democracia necessita democratizar, em primeiro
lugar, os meios de comunicação”, afirmam eles de modo
eufemístico.
De onde provém a esperança desses extremistas de esquerda de contar
com o apoio de organismos
da Santa Sé?
Não
posso deixar de me perguntar, Santo Padre, com profunda apreensão e
até com angústia: de onde
provém a esperança desses extremistas de esquerda, de contar com o
apoio de organismos da Santa Sé
para levar a cabo seus planos revolucionários e ditatoriais?
Tudo
parece indicar que eles dão por certo que estaria havendo uma
mudança de orientação doutri- nária
da Santa Sé. Um indício disso é que o comunicado do MST-MTE
registra o fato de que “todos os participantes
fizeram reiteradas referências à Exortação Apostólica Evangelii
Gaudium” e a seus “categóricos
e esclarecedores conceitos sobre a situação dos excluídos e a
matriz excludente da economia global”.
Outro
indício é que a própria Rádio Vaticano, em transmissão de 22 de
janeiro último, juntou-se às comemorações
dos 30 anos de fundação do MST . E para isso franqueou seus
microfones ao padre Savio
Corinaldesi, missionário xaveriano, para o qual o MST é “uma
luz”. Este sacerdote, utilizando expressões
de um radicalismo fora do comum, chega a dizer que o MST é “odiado,
execrado e combatido por
aqueles que odeiam, execram e combatem o povo”. E, em seguida, faz
uma convocatória para que o povo
se organize: “Mas, ainda hoje, há uma mensagem que todos devemos
escutar é pôr em prática: o povo
sabe resolver os seus problemas, e o faz quando se organiza”
(destaques meus).
Como
não ver, nessa esdrúxula transmissão da Rádio Vaticano, uma
triste e rejeitável sequela do que
se passou na Pontifícia Academia de Ciências?
A questão social não é meramente econômica, mas principalmente
moral e religiosa
Para
evitar quaisquer mal-entendidos, esclareço a Vossa Santidade que de
modo algum considero o atual
hipercapitalismo globalizado como panaceia econômica, e que, como
católico, deploro, entre outros
defeitos graves da presente economia mundial, que os benefícios
básicos do progresso material não tenham
ainda alcançado muitas parcelas da população. Mas esta não é uma
questão meramente econômica.
Ensinou
Leão XIII que a chamada “questão social” é principalmente uma
questão de ordem moral e religiosa.
Disse o Pontífice: “Alguns professam a opinião, assaz
vulgarizada, de que a questão social, como
se diz, é somente econômica; ao contrário, porém, a verdade é
que ela é principalmente moral e religiosa;
e, por este motivo, deve ser sobretudo resolvida em conformidade com
as leis da moral e da religião”
.
Assim
sendo, uma intervenção bem sucedida da Hierarquia Eclesiástica no
campo econômico e social
deveria partir da denúncia dos dois vícios que estão na origem de
todas as desordens e revoluções modernas:
o orgulho e a sensualidade .
Esses
vícios alimentam os dois erros fundamentais e aparentemente opostos
de nossa época: o utopismo
coletivista e o liberalismo individualista. Porque, de um lado, geram
o sonho anárquico-igualitário
de
uma sociedade sem governo, sem classes e sem leis; e de outro lado,
estão na raiz do liberalismo moderno,
o qual recusa toda referência a uma verdade objetiva, a valores
absolutos, a uma lei superior e, por isso,
conduz à “ditadura do relativismo”, oportunamente denunciada
pelo então Cardeal Ratzinger .
Assim,
na raiz mais profunda da crise antropológica pela qual passa hoje a
humanidade, não está simplesmente
a negação de direitos fundamentais do homem, mas resulta da negação
da primazia de Deus
na organização da sociedade humana. Todo o resto é mera
consequência.
Restauração da civilização cristã
A
atual sociedade, de inspiração laica, menospreza os bens da alma.
Ela penetrou como um veneno o
Ocidente a partir da recusa da ordem austera e sacral que vigorava na
Cristandade quando, segundo as luminosas
palavras de Leão XIII, “a filosofia do Evangelho governava os
Estados. Nessa época a influ- ência
da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as
instituições, os costumes dos povos,
todas as categorias e todas as relações da sociedade civil”.
Assim,
conforme igualmente aos ensinamentos de São Pio X, um verdadeiro
retorno à ordem na sociedade
humana supõe a restauração de todas as coisas em Cristo — o belo
lema de seu pontificado:
Instaurare
omnia in Christo (Ef. 1,10) — e a retomada do ideal cristão de
sociedade, que ele magistralmente
enunciou. Face à “anarquia social e intelectual” que grassava no
início do século XX, o santo Pontífice
assinalava a verdadeira saída: “A cidade não será construída de
outra forma senão aquela pela qual
Deus a construiu; a sociedade não se edificará se a Igreja não lhe
lançar as bases e não dirigir os trabalhos;
não, a civilização não mais está para ser inventada nem a cidade
nova para ser construída nas
nuvens. Ela existiu, ela existe; é a civilização cristã, é a
cidade católica. Trata-se apenas de instaurá-la
e restaurá-la sem cessar sobre seus fundamentos naturais e divinos
contra os ataques sempre renovados
da utopia malsã, da revolta e da impiedade”No que concerne ao
reerguimento e à regeneração das classes operárias, São Pio X já
insistia emque
“os princípios da doutrina católica são fixos” e, citando Leão
XIII, sublinhava a necessidade de “manter
a diversidade das classes, que é seguramente o próprio da cidade
bem constituída, e querer para
a sociedade humana a forma e o caráter que Deus, seu Autor, lhe
imprimiu” (destaque meu).
Ao
mesmo tempo aquele grande Pontífice denunciava a perversidade que há
em “pretender a supressão
e o nivelamento das classes” sociais — tal como o fazem o MST e o
MTE — e em trocar as bases
naturais e tradicionais da sociedade humana pela promessa de “uma
cidade futura edificada sobre outros
princípios” , notadamente os do igualitarismo.
Os pobres rejeitam a pregação revolucionária e anelam pela ordem
verdadeira
Portanto,
não serão os programas altermundialistas de cunho “ecológico”
e neomarxista dos ditos “movimentos
sociais”, que irão resolver a crise econômica atual e reduzir a
pobreza no mundo.
Se
o problema é o da emergência dos excluídos, Cuba é precisamente o
contra-modelo a ser evitadoa
qualquer custo, sob pena de transformar o mundo todo numa sociedade
de miseráveis, estes sim, excluídos:
excluídos do bem-estar, excluídos da vida política, excluídos da
cultura, excluídos da liberdade de viajar
e, sobretudo, excluídos de praticar sem entraves a religião
católica na Ilha-prisão!
Os
pobres não querem para si um tal pesadelo. E, por isso mesmo, poucos
se deixam iludir pelos devaneios
de um MST ou de um MTE, ainda que estes se revistam, em sua pregação
revolucionária, com as
roupagens falsamente cristãs de uma Teologia da Libertação de
orientação claramente marxista.
É
muito significativo que, em 2009, uma sondagem do Instituto de
pesquisas Ibope31 tenha mostrado
que 92% da população brasileira considera ilegais as invasões de
terras promovidas pelo MST; e 72% dos
ouvidos julgam que o poder público deveria utilizar a polícia para
cumprir ordens judiciais de retirada
dos invasores. Para mais de 70% dos entrevistados o MST prejudica o
desenvolvimento econômico e social,
a geração de empregos e os investimentos nacionais e estrangeiros.
Mais significativo ainda, para 85%
dos brasileiros o direito de propriedade privada é essencial ao
País: clara amostra de que os povos rejeitam
o comunismo e sua miséria.
A
demagogia da esquerda, Santidade, pode encontrar ressonância nas
redações de certos jornais e TVs,
em meios acadêmicos, na nomenklatura dos partidos políticos... e
até — dói constatá-lo — em certos
meios eclesiásticos; mas ela não engana a grande maioria do povo,
que cada vez mais se distancia dela.
Rotundo fracasso da reforma agrária: em vez de favorecer, prejudica
os pobres
Comprovação
disso é que, entre as reivindicações mais constantes dos
movimentos imbuídos dessas
ideias revolucionárias sempre esteve a implantação de uma reforma
agrária radical, que eliminasse a grande
e média propriedade, reduzindo todo o arcabouço rural de uma nação
a pequenas áreas de terraque,
aliás, em grande parte nem sequer seriam propriedade de seus
detentores, mas sim de cooperativas fortemente
estatizadas.
Ora,
apesar da fenomenal propaganda feita em seu favor e dos rios de
dinheiro nela aplicados, a reforma
agrária fracassou no Brasil. A situação econômica e social nos
assentamentos de reforma agrária é tão
grave, que até ministros do governo reconhecem que a grande maioria
deles se transformou em autênticas
“favelas rurais”. Reconhecimento tardio, pois essa expressão
havia sido cunhada muitos anos antes
pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em sua luta contínua por
alertar os brasileiros para esse desfecho
inevitável. Inevitável, sim, pois tudo que contraria a ordem
natural cedo ou tarde termina em desastre.
Por isso, dizem com razão os franceses: Chassez le naturel, il
revient au galop.
Não
foi, pois, por falta de advertência. Desde o início da década de
50, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
havia notado que a propaganda revolucionária soprava no sentido da
reforma agrária, a qual por fim
se consubstanciou em projetos concretos no final da década. Por isso
escreveu e lançou, em 1960, em
coautoria com dois Bispos e um economista, o livro Reforma Agrária —
Questão de Consciência, no
qual
profetizou que ela desfecharia no fracasso. Foi o marco inicial de
uma luta que comportou a publicação
de vários livros, manifestos e declarações, bem como campanhas
públicas de divulgação e abaixo-assinados,
durante as quatro décadas seguintes, até seu falecimento em 1995.
Hoje,
estudiosos e profissionais competentes glosam o fracasso da reforma
agrária. Assim, ainda há poucos
dias, o Prof. Zander Navarro, da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, em artigo publicado
num grande matutino paulista , descrevendo o êxodo rural que se
verifica de norte a sul do Brasil,escreveu:
“E há os assentados, que deveriam ser expressivos. Afinal, seria
um conjunto de 1,25 milhão
de famílias em 8,8 mil assentamentos, ocupantes de 88 milhões de
hectares, quase equivalentes à área
total de Mato Grosso. Mas a reforma agrária é um rotundo fracasso:
boa parte dos beneficiários
desistiu, deixando rarefeitos os assentamentos, em especial do meio
do País ‘para cima’, sobretudo no
Nordeste e no Norte”.
Enquanto
os assentamentos de reforma agrária, criados na onda dessa agitação
agrária, nada produzem,
vivendo das esmolas do Estado, um competente perito da Empresa
Brasileira de Agropecuária(Embrapa)
observa que a tecnologia tem ajudado aos pequenos, médios e grandes
agricultores, e acrescenta:
“A produção agrícola do Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas”34.
Outro estudo registra que “o preço
da cesta de alimentos caiu pela metade entre 1975 e 2010” , o que
explica o fato de que, “na década
de 1970, a família média brasileira gastava cerca de 40% da renda
familiar em alimentos. Atualmente,
esse valor não passa de 16%” .
Quo vadis, Domine?
Vossa
Santidade, agindo com calculada prudência, vai definindo aos poucos
os rumos do seu pontificado.
É natural que os fiéis acompanhem com atenção os passos que vão
sendo dados nesse sentido.
Diante
das inevitáveis perplexidades que toda mudança de rumo naturalmente
produz, compreende-se
que muitos façam, no interior de seus corações, a pergunta que,
segundo a legenda, o próprio São Pedro
fez quando, fugindo da perseguição de Nero, encontrou Jesus Cristo
que vinha em sentido contrário:
Quo
vadis, Domine? — Aonde vais, Senhor?
Ao
ouvir a resposta de Nosso Senhor de que Ele se dirigia a Roma para
ser novamente crucificado,São
Pedro entendeu que o momento havia chegado de ele próprio sofrer o
martírio. E, assim, submeteu-se
ao suplício com grande humildade, pedindo aos algozes que o
crucificassem de cabeça para baixo —segundo
piedosa tradição — porque não se considerava digno de que sua
morte igualasse em todos os pormenores
à de Cristo.
Assim,
em vista dos fatos acima pormenorizadamente descritos, e das
perplexidades por eles suscitadas,
um fiel poderia ser levado a dirigir ao Papa Francisco idêntica
pergunta — Quo vadis, Domine?
Seria
legítimo fazê-lo? Em que condições?
O
Código de Direito Canônico consagra, no cânon 212 § 3, o pleno
direito de todo fiel à respeitosa exposição
de sua opinião, nessa ou em outras matérias: “Os fiéis, segundo
a ciência, a competência e a proeminência
de que desfrutam têm o direito e mesmo, por vezes, o dever de
manifestar aos sagrados Pastores
a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja, e de a
exporem aos restantes fiéis, salva
a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos
Pastores, e tendo em conta a utilidade
comum
e a dignidade das pessoas”.
Faço-o,
pois, nesta REVERENTE E FILIAL MENSAGEM, convencido de que Sua
Santidade receberá a presente
manifestação com paternal benevolência, e como uma leal
contribuição para o êxito de sua ex-celsa
missão no governo da Santa Igreja.
Reafirmando
uma vez mais a minha obediência irrestrita e amorosa não só à
Santa Igreja como ao Papa,
em todos os termos preceituados pela doutrina católica, peço a
Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira
do Brasil, que ilumine Vossa Santidade e ajude todos os católicos
latino-americanos a permanecer
fortes in fide, nas suas convicções católicas e em sua rejeição
ao extremismo de esquerda, de maneira
que esta Terra de Santa Cruz continue a ser cada vez mais, junto com
as nações irmãs da América Espanhola,
o Continente da Esperança, sob as bênçãos de sua querida
padroeira, Nossa Senhora de Guadalupe.
Osculando
o anel do Pescador, peço humildemente a Bênção Apostólica,
in
Jesu et Maria
Bertrand
de Orleans e Bragança
São
Paulo, 8 de fevereiro de 2014
1 A
Campanha Paz no Campo vem se notabilizando no Brasil pela defesa dos
princípios da propriedade privada e da livre
iniciativa, segundo os ensinamentos contidos nos documentos do
Magistério tradicional da Igreja.
[1] Dirigente nacional do MST aproveita-se de seminário convocado por organismo da Santa Sé como tribuna para insuflar a luta de classes.
[1] Dirigente nacional do MST aproveita-se de seminário convocado por organismo da Santa Sé como tribuna para insuflar a luta de classes.
2-http://www.feedfood.com.br/agronegocio-corresponde-37-dos-empregos-gerados-no-pais/
3-http://exame.abril.com.br/economia/noticias/recorde-de-exportacoes-no-agronegocio-aumenta-demanda-por-
profissionais
4-http://www.adistaonline.it/?op=articolo&id=53494
5-http://www.wsftv.net/Members/focuspuller/videos/joao-pedro-stedile-1/view
6-http://leonardoboff.wordpress.com/2014/01/10/os-movimentos-populares-latino-americanos-junto-ao-papa-francisco/
7-http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/anais_ivsimp/gt7/15_mairakubik.pdf
8-http://www.mst.org.br/node/15560
9-http://www.old.pernambuco.com/ultimas/noticia.asp?materia=2008610133246
10-http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/1995/march/documents/hf_jp-ii_spe_19950321_brasile-ad-
limina_po.html
11-http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2002/november/documents/hf_jp-ii_spe_20021126_brazil-
sul-iii-iv_po.html
12-http://www.agendaoculta.net/2012/08/el-capitalismo-de-exclusion-y-la.html
13-http://www.cartoneando.org.ar/content/capitalismo-popular-una-variante-salvaje-del-modelo-por-juan-grabois
14-http://www.economiapopular.coop/juan-grabois
15-http://mareapopular.org/revista/agremiando-la-precarizacion-laboral/
16-http://www.telam.com.ar/notas/201307/26546-el-papa-mando-a-buscar-a-35-cartoneros-argentinos-entre-un-millon-
de-peregrinos.html
17-http://www.noticiasdiaxdia.com.ar/noticias/val/6869-43/-carta-al-evita-desde-el-vaticano-por-juan-
grabois.html#.UtMMcvSICSp
18-http://www.casinapioiv.va/content/dam/accademia/pdf/sv123/sv123-grabois.pdf
19-http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT564366-1653-5,00.html
20-Carta
Encíclica Divini Redemptoris, de 19 de março de 1937, § 58.
21-http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Movimentos-Sociais/Os-movimentos-populares-latino-americanos-junto-ao-
Papa-Francisco/2/29947
22-http://media01.radiovaticana.va/audiomp3/00404088.MP3
23-http://it.radiovaticana.va/news/2014/01/22/brasile:_compie_30_anni_il_movimento_%E2%80%9Csem_terra%E2%80%9D/it1-766279
24-Encíclica
Graves de communi, de 18 de janeiro de 1901.
25-Cfr.
Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte
I, cap. VII, 3.
26-Disse
o Cardeal: “Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que
nada reconhece como definitivo e que deixacomo
última medida apenas o próprio eu e as suas vontades” (Homilia na
Missa Pro Eligendo Romano Pontifice, 18 de abrilde
2005 —
http://www.vatican.va/gpII/documents/homily-pro-eligendo-pontifice_20050418_po.html
27-Encíclica
Immortale Dei, de 1° de novembro de 1885.
28-Carta
Apostólica Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 11
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
29-Carta
Apostólica Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 9
http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
30-Carta
Apostólica Notre charge apostolique, de 25 de agosto de 1910, § 9 e
10http://agnusdei.50webs.com/notrech2.htm
31-http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ibopecna-92-condenam-ocupacoes-do-mst,485449,0.htm
32-O
Estado de São Paulo, 22 de janeiro de 2014.
33-Evaristo
Eduardo de Miranda, doutor em Ecologia e responsável pela área de
monitoramento por satélite da Embrapa.
34-http://www.iica.int/Esp/regiones/sur/brasil/Lists/Noticias/DispForm.aspx?ID=634
35-Notícias
Agroinvvesti, 17 de junho de 2011, Cleber Bordignon, Agronegócio, um
mundo de oportunidades
http://www.agroinvvesti.com.br/?menu=noticias&id=907
36-Notícias
CNA, 2 de novembro de 2011, Brasil e EUA: grandes potências para
alimentar o mundo http://www.canaldoprodutor.com.br/comunicacao/noticias/brasil-e-eua-grandes-potencias-para-alimentar-o-mundo